Tendências climáticas e de produtividade para a safra 2025/26

A safra 2025/26 começa sob um cenário otimista, marcado por tendências climáticas mais previsíveis que podem auxiliar o agricultor no melhor planejamento das operações em sua lavoura.

Instituições renomadas, como a USDA e a CONAB, indicam um potencial crescimento na produção agrícola na safra 2025/26, impulsionado pela expectativa de ganhos de eficiência no campo, embora o cenário exija preparação para materializar essas metas.

Este texto vai explorar três pontos essenciais para entender a próxima safra: como o clima futuro pode afetar as lavouras, o que esperar da produção e da produtividade das principais culturas e os desafios com os custos de produção. Continue lendo para saber mais sobre os cenários e as oportunidades para a safra 2025/26!

A safra 2025/26 deve enfrentar um cenário climático mais previsível

Considerando o histórico das últimas safras e as tendências climáticas observadas nos últimos anos, a safra 2025/26 deve enfrentar um cenário mais previsível.

Segundo a NOAA, uma instituição do governo dos Estados Unidos responsável por estudar e monitorar o oceano e a atmosfera, o Oceano Pacífico entrou em neutralidade climática. Isso significa que os fenômenos El Niño e La Niña tendem a não exercer influência sobre o clima global.

Tanto o El Niño quanto o La Niña fazem parte de um fenômeno atmosférico-oceânico de macroescala denominado ENOS – ou ENSO em inglês. Eles afetam a temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico, levando a mudanças globais de temperatura, precipitação, padrões de circulação atmosférica e transporte de umidade.

No Brasil, quando o El Niño prevalece, são esperadas redução de precipitação e secas na região Norte e Nordeste e aumento da temperatura e precipitações na região Sul, Sudeste e Centro-Oeste. 

Já na fase do La Niña os padrões se invertem, com destaque para a alta previsibilidade do clima na região Centro-Oeste e a baixa previsibilidade e maior incerteza na região Sudeste. 

Veja como ficaram as tendências climáticas nas últimas safras e como elas impactaram a agricultura:

Safra 2023/24: El Niño 

A ocorrência do El Niño levou ao aumento das temperaturas e a estiagens em algumas regiões do país, provocando problemas, como atrasos no plantio, falhas nos estandes e floradas desuniformes.

Safra 2024/25: La Niña

A ocorrência do La Niña levou ao atraso das chuvas em algumas regiões do país, prejudicando a floração de diversas culturas, enquanto outras regiões enfrentaram um maior volume de chuvas, levando a problemas durante as operações de plantio e colheita e queda na qualidade dos grãos.

Safra 2025/26: Neutralidade

A tendência climática esperada é de neutralidade em relação aos principais fenômenos que afetam a agricultura brasileira, o que deve provocar um cenário mais previsível.

Com cenário climático mais previsível, as expectativas de produtividade para a safra 2025/26 são altas

A safra 2025/26 já se iniciou e as expectativas são otimistas. De acordo com o relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as projeções globais para as safras de grãos 2025/26 são, em sua maioria, positivas para o Brasil.

Soja

Para a soja, é esperada uma produção de 175 milhões de toneladas, um total 3,5% maior que a produção atual da safra 2024/25, que é de um pouco mais de 169 milhões, segundo 9º levantamento do boletim de safra de grãos da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento). 

Se mantida a mesma área produtiva, de 47.619,8 mil hectares, será necessário alcançar uma produtividade da soja de aproximadamente 3.675 kg/ha para atingir tal projeção, o que corresponde a aproximadamente 61,3 sacas/ha. Isso significaria um incremento de produtividade de 3,1% em relação à safra 2024/25, que alcançou uma produtividade de 3.562 kg/ha.

Milho

Para o milho, as projeções da USDA indicaram um leve crescimento em relação à safra anterior, sendo esperada uma produção de 131 milhões de toneladas de milho na safra 2025/26.

Se considerarmos a mesma área da safra 2024/25, de 21.435,7 mil hectares, o produtor precisaria atingir a marca de produtividade do milho de um pouco mais de 6.100 kg/ha na safra 2025/26, um valor bem próximo da produtividade atual estimada pela CONAB.

Algodão

Para o algodão, a produção esperada para safra 2025/26 se manteve mais estável, sendo esperadas 4 milhões de toneladas, praticamente o mesmo montante alcançado na safra 2024/25.

Esse número é um reflexo da redução na produção global da pluma. No Brasil, apesar da ampliação da área semeada na safra 2024/25, a produtividade segue uma tendência de queda em relação à safra anterior, atingindo uma produtividade total de pluma de 1.880 kg/ha.

Cana-de-açúcar

Para culturas semiperenes e perenes, o cenário também é favorável e de recuperação. A USDA estima que a produção de cana-de-açúcar no Brasil deve atingir um total de 671 milhões de toneladas na safra 2025/26, com a região centro-sul correspondendo por mais de 90% da produção.

Esse valor é um pouco maior do que o total projetado pela CONAB, que estima uma produção de um pouco mais de 663 milhões de toneladas no 1º levantamento da safra de cana-de-açúcar 2025/26.

Apesar desse valor ser menor que o da safra anterior, ele representa uma recuperação do setor, que enfrentou perdas severas com as queimadas no ano de 2024. Se mantidas essas expectativas, a produtividade de cana-de-açúcar na safra 2025/26 deve alcançar um total de 75.451 kg/ha.

Café

Para o café, o cenário também é de recuperação. Para safra 2025/26, é esperada uma produção de 65 milhões de sacas de café de 60 kg, sendo dois terços desse total representados pelo café arábica e um terço pelo café conilon.

Apesar do café arábica representar a maior parte da produção, ele ainda enfrenta reflexos negativos das condições climáticas adversas no ano anterior e do início deste ano, incluindo secas severas, altas temperaturas e chuvas irregulares. 

Isso fez com que o café arábica apresentasse estimativas de queda na área, na produtividade e na produção na safra 2025/26.

Por outro lado, o café conilon mostra um cenário bem mais positivo, com uma alta na produção de quase 28% e uma produtividade média de 50,4 sacas/ha para safra 2025/26. Resultados esses impulsionados pelo clima mais favorável e o uso crescente de irrigação e mecanização.

Apesar das expectativas positivas para a safra 2025/26, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alerta que a alta nos custos de produção vai exigir mais atenção dos produtores.

A CNA aponta que, na safra 2025/26, as relações de troca não estarão tão favoráveis para o agricultor, com o aumento do custo de fertilizantes e parte dos defensivos agrícolas, apesar do recuo nos preços das sementes e dos fungicidas.

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