A busca por alta produtividade na soja é um desafio constante. Diversos fatores podem reduzir a produtividade da cultura, dentre eles, as plantas daninhas da soja se destacam como um dos principais.
Elas não são apenas uma vegetação indesejada, são concorrentes diretas por recursos como água, luz e nutrientes. Além disso, elas podem servir de hospedeiras para pragas e doenças e tornar o manejo da lavoura mais oneroso.
O manejo inadequado ou tardio dessas invasoras pode resultar em perdas significativas e irreversíveis na soja, colocando em risco a rentabilidade do produtor.
Este artigo é um guia completo para identificar as principais plantas daninhas da soja, entender seus impactos reais e descobrir as soluções de manejo integrado essenciais para proteger a sua safra.
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Principais plantas daninhas da soja
As plantas daninhas representam uma das maiores ameaças à rentabilidade da soja, competindo diretamente por recursos essenciais. Essa disputa silenciosa é responsável por perdas significativas de produtividade e pelo aumento dos custos de manejo.
Como não existe uma estratégia única para todas as invasoras, a identificação correta é o primeiro passo para um controle eficaz. Cada daninha compete de forma diferente por recursos e exige uma abordagem de manejo específico.
A seguir, detalhamos as 9 principais espécies que representam a maior ameaça agronômica e econômica para a soja no Brasil.
Daninhas de folha larga na soja
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Buva (Conyza spp.)
- Características morfológicas: planta herbácea com caule cilíndrico e pouco ramificado. Suas folhas são simples e alternadas, e as inflorescências formam pequenos capítulos de cor esbranquiçada.
- Ciclo de vida e dispersão: possui ciclo anual, de aproximadamente 120 dias. A reprodução é exclusivamente por sementes, que são extremamente leves e facilmente transportadas pelo vento a longas distâncias. A falta de limpeza em implementos agrícolas também contribui para sua disseminação.
- Potencial de prejuízo: apresenta elevado potencial competitivo. Em baixos níveis de infestação, já é capaz de reduzir expressivamente a produtividade da soja e aumentar os custos de produção, principalmente em razão da sua reduzida sensibilidade aos herbicidas convencionais.
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Trapoeraba (Commelina benghalensis)
- Características morfológicas: planta herbácea, geralmente com caule suculento e articulado, que pode ser ereto ou semiprostrado. As folhas são alternadas e suas flores são tipicamente azuis ou roxas.
- Ciclo de vida e dispersão: seu diferencial é a capacidade reprodutiva. Uma planta pode produzir até 1.600 sementes. Além disso, regenera-se facilmente por pedaços de caule e rizomas.
- Potencial de prejuízo: além de reduzir a produtividade da soja, dificulta a colheita e é hospedeira de ameaças graves, como o nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita) e o percevejo-marrom (Euchistus heros).
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Caruru-de-mancha (Amaranthus viridis)
- Características morfológicas: planta herbácea ereta, medindo de 60 a 100 cm. Possui caule cilíndrico e folhas simples, ovaladas, que podem apresentar manchas claras ou acinzentadas no centro. Seu sistema radicular é pivotante e robusto.
- Ciclo de vida e dispersão: é uma espécie anual com ciclo vegetativo curto (60-70 dias). A propagação é feita unicamente por sementes, que são produzidas em abundância e permanecem viáveis no solo por longos períodos.
- Potencial de prejuízo: é uma daninha da soja extremamente agressiva. Possui metabolismo C4, o que lhe confere vantagem competitiva em relação à soja (C3). Em casos de alta infestação, pode reduzir o rendimento da soja e inviabilizar a colheita mecânica.
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Picão-preto (Bidens pilosa)
- Características morfológicas: herbácea anual de caule ereto (30 cm a 1,2 m). As folhas têm margens serrilhadas. As flores são tipicamente brancas (em B. pilosa) ou amarelas (em B. subalternans). Os frutos (aquênios) são pontiagudos, com aristas que se prendem facilmente.
- Ciclo de vida e dispersão: é uma daninha anual, que se reproduz por sementes, podendo florescer e frutificar durante quase todo o ano. Os aquênios são facilmente disseminados ao aderirem aos pelos de animais, roupas e implementos agrícolas.
- Potencial de prejuízo: é reconhecida por causar alta interferência na produção de soja. Historicamente controlado, voltou a ser considerado um problema devido à redução na sensibilidade a herbicidas convencionais.
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Guanxuma (Sida rhombifolia)
- Características morfológicas: notória pelos caules muito resistentes e fibrosos, e por um sistema radicular profundo.
- Ciclo de vida e dispersão: o crescimento inicial é lento, produz cerca de 510 sementes/planta, que possuem dormência, resultando em múltiplos e escalonados fluxos de emergência, o que dificulta o controle.
- Potencial de prejuízo: em estádios avançados, é de difícil controle químico (folhas com pelos e cera) e físico (caules resistentes), dificultando a colheita mecanizada. É hospedeira de nematoides (das galhas e das lesões) e é uma planta indicadora de solo compactado.

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Poaia-branca (Richardia brasiliensis)
- Características morfológicas: caule que varia de verde a vermelho. A inflorescência é um glomérulo terminal com cerca de 20 pequenas flores brancas. A semente é característica, de cor alaranjada-brilhante.
- Ciclo de vida e dispersão: é uma espécie anual (comum em culturas de verão) que se reproduz e propaga exclusivamente por sementes.
- Potencial de prejuízo: tem elevada importância na cultura da soja, especialmente em áreas de plantio direto. Estudos demonstram sua alta capacidade de competir com a soja pela absorção de macronutrientes.

Daninhas de folha estreita da soja
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Capim-amargoso (Digitaria insularis)
- Características morfológicas: planta herbácea, ereta e rizomatosa, que forma touceiras densas. Atinge de 50 a 100 cm de altura. Suas panículas são grandes (15-30 cm) e cobertas por pelos sedosos de cor amarelo-prateada.
- Ciclo de vida e dispersão: é uma espécie perene. Seu crescimento inicial é lento, mas depois torna-se acelerado, com intensa capacidade de perfilhamento e formação de rizomas. Propaga-se tanto por sementes (dispersas pelo vento) quanto pelos rizomas.
- Potencial de prejuízo: uma das daninhas mais temidas da soja. Apenas uma planta por metro quadrado pode reduzir a produtividade da soja em mais de 20%. Em infestações mistas (com a buva, por exemplo), os custos de controle podem aumentar em mais de 200%.
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Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)
- Características morfológicas: planta monocotiledônea (gramínea) que cresce formando touceiras (cespitosa), com hábito ereto ou semiprostrado. Atinge de 30 a 70 cm de altura.
- Ciclo de vida e dispersão: é uma planta anual que se reproduz exclusivamente por sementes. Apresenta uma produção de sementes extremamente elevada, com uma média de 40.000 sementes por planta.
- Potencial de prejuízo: altamente competitiva por água, luz e nutrientes e pode impactar negativamente na produtividade da soja. É uma das espécies com crescente redução de sensibilidade a herbicidas convencionais.
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Capim-colchão (Digitaria spp.)
- Características morfológicas: nome comum para espécies anuais como D. horizontalis, D. ciliaris e D. sanguinalis. Têm o hábito de enraizar pelos nós do colmo que tocam o solo, formando um denso “colchão verde”.
- Ciclo de vida e dispersão: é uma daninha anual com altíssima produção de sementes (média de 150.000 por planta), que são leves e facilmente dispersas pelo vento.
- Potencial de prejuízo: compete por recursos e serve de hospedeiro para nematoides. Além disso, algumas espécies, como a D. ciliaris, possuem sensibilidade reduzida a herbicidas convencionais.
Impactos econômicos e agronômicos do manejo inadequado de daninhas na soja
O custo de não controlar as plantas daninhas da soja vai muito além da aplicação de um herbicida adicional. Na verdade, cada planta daninha que permanece na lavoura representa um problema que se converte diretamente em prejuízo financeiro.
O manejo inadequado desencadeia uma competição silenciosa por luz, água e nutrientes que rouba o potencial produtivo da soja.
Esse impacto inicial escala para um ciclo de prejuízo que inclui problemas, como:
- aumento da pressão de pragas, doenças e nematoides;
- dificuldades operacionais na colheita;
- perdas na qualidade dos grãos;
- aumento progressivo nos custos de controle nas safras seguinte.
Leia também: O que muda quando o manejo nutricional nas lavouras é estratégico?
Custos diretos e indiretos
O manejo inadequado de plantas daninhas da soja pode gerar custos elevados a longo prazo, tanto diretos quanto indiretos.
A matocompetição descontrolada ocasiona perdas de produtividade significativas na soja, que podem ser devastadoras. A presença da buva, por exemplo, pode reduzir a produtividade da soja em mais de 80%.
O impacto negativo na produtividade da soja é notável mesmo em infestações aparentemente menores e pequenos períodos de convivência.
Apenas uma planta de capim-amargoso por metro quadrado, por exemplo, pode diminuir a produtividade da soja em mais de 20%, e apenas 21 dias de convivência com o capim-pé-de-galinha já podem reduzi-la em mais de 10%.
Indiretamente, os danos são igualmente preocupantes. As daninhas podem ser hospedeiras alternativas de inúmeros nematoides, pragas e doenças, o que aumenta a pressão dessas ameaças na lavoura e torna o manejo fitossanitário da lavoura mais oneroso.
Outra questão impactada são as operações da safra, em especial a colheita. Algumas plantas daninhas da soja tem o hábito trepador, ou seja, escalam a planta. Isso dificulta a colheita da soja, já que a presença de material verde e fibroso dificulta as operações.
Além disso, a colheita da soja com a presença de daninhas no campo pode aumentar a umidade final dos grãos e a presença de resíduos, depreciando a qualidade da soja.
Aumento do banco de sementes no solo
Uma planta daninha que produz sementes em uma safra não afeta apenas aquele ciclo produtivo, ela abastece o banco de sementes do solo constantemente. Isso compromete a sustentabilidade do sistema e o planejamento agrícola, já que a infestação pode perpetuar por inúmeras safras.
Redução da sensibilidade a herbicidas
A redução da sensibilidade de certas plantas daninhas ao controle químico, a exemplo da buva, capim-amargoso e capim-pé-de-galinha, é a consequência mais grave do manejo incorreto dessas invasoras na soja.
Ela não apenas ameaça a produtividade da soja, mas compromete a longevidade das tecnologias disponíveis, tornando o manejo mais complexo, caro e, por vezes, menos eficaz.
Estima-se que a resistência de plantas daninhas a certos herbicidas na soja custe ao agronegócio brasileiro cerca de R$ 9 bilhões anualmente, somando-se os gastos com controle adicional e as perdas de rendimento.
Leia também: Gestão de riscos no agro: como se antecipar e proteger sua produção?
Manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) na soja
Diante dos crescentes desafios para o controle de plantas daninhas da soja, o Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD) é a resposta mais racional e sustentável.
Esta abordagem combina, de forma inteligente, diferentes estratégias para garantir a viabilidade da lavoura a longo prazo, protegendo o potencial produtivo da cultura e a eficácia das moléculas disponíveis.
Manejo preventivo
O manejo preventivo é um dos pilares mais lógicos do MIPD na soja, pois atua antes que o problema se instale ou se espalhe.
As táticas essenciais são o uso de sementes certificadas (livres de contaminantes) e a higienização rigorosa de máquinas e implementos.
Essa limpeza é crucial ao mover o maquinário entre diferentes áreas e deve ser combinada com uma logística inteligente: operar sempre dos talhões mais limpos para os mais infestados, para não transportar sementes.
Estratégias culturais
O controle cultural foca em manipular o ambiente agrícola para favorecer a soja em detrimento das invasoras.
- Rotação de culturas: prática fundamental. Alternar soja (leguminosa) com culturas de diferentes famílias (gramíneas) quebra o ciclo das plantas daninhas da soja e altera o padrão de uso de herbicidas, reduzindo a pressão de seleção.
- Plantio direto: o manejo da palhada é crucial. Culturas de cobertura suprimem as daninhas através do efeito físico (barreira à luz) e alelopático (liberação de compostos químicos).
- Arranjo espacial: o ajuste do espaçamento e da densidade de semeadura para promover o fechamento rápido do dossel da soja é uma ferramenta eficaz de sombreamento, que inibe a germinação e o crescimento inicial de algumas invasoras.
Controle químico
O uso de herbicidas continua sendo a principal ferramenta de controle das plantas daninhas da soja, mas deve ser usado racionalmente, seguindo algumas recomendações:
- Herbicidas pré-emergentes: aplicados antes da emergência da soja e das daninhas, atuam no banco de sementes do solo. São essenciais para reduzir a pressão de infestação inicial e diminuir a dependência de aplicações em pós-emergência.
- Herbicidas pós-emergentes: utilizados para controlar as plantas daninhas que germinam após a emergência da cultura, principalmente daquelas com germinação escalonada.
- Rotação de mecanismos de ação: o pilar central do controle químico. O uso repetido de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação seleciona indivíduos resistentes. Por isso é crucial rotacionar e associar produtos com diferentes modos de ação para garantir a eficácia e a longevidade das tecnologias.
Leia também: 3 passos para simplificar a gestão de insumos e maximizar a sua rentabilidade
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